Já falamos aqui sobre várias características do karate antigo e sobre várias de suas diferenças em relação ao karate moderno. Mas fica a questão: o karate antigo foi transmitido ao longo das gerações sem o uso de termos específicos para se referir a essas características? A verdade é que no karate antigo também existia uma terminologia específica para se referir a grande parte do que era ensinado e praticado. E, surpreendentemente, existe uma grande riqueza de detalhamentos técnicos entre os (relativamente) poucos documentos que foram escritos sobre o karate antigo (nas primeiras décadas do século XX), e nos ensinamentos orais tradicionais (kuden 口伝) que foram passados adiante para os praticantes da era moderna do karate, muitos desses ensinamentos tendo sido registrados posteriormente em livros ou artigos.

Antes de mergulharmos na terminologia técnica que selecionei para este artigo, é importante observar que o sufixo “te” 手 (tī/dī em uchināguchi) usado historicamente no karate tem um significado amplo, não se referindo apenas à tradução literal “mão”, mas também a técnicas de luta como um todo. Assim, ao ler a tradução “mão”, lembre-se de que ela deve ser interpretada com um sentido mais amplo. Observo ainda que o significado exato de alguns dos termos presentes na literatura pode estar sujeito a um certo nível de interpretação, e que alguns conceitos são apresentados com nomes diferentes por autores/obras diferentes. Neste artigo, procurei utilizar as interpretações que refletem a integralidade dos meus estudos e minha experiência prática (inclusive na parte de luta de fato), e escolhi a terminologia que mantinha maior consistência para que os conceitos fossem apresentados em conjunto. Com isso dito, vamos começar com um dos conceitos técnicos mais essenciais do karate antigo:

Um primeiro conceito fundamental

  • Kakete[1] 掛け手 (japonês) / kakidī 掛手, カキディー (uchināguchi) – “Mãos enganchadas/penduradas [conectadas]”. Conceito técnico que se refere à conexão entre o braço do karateka com o braço do oponente. Identifica-se com o conceito conhecido em algumas artes marciais chinesas como “ponte”. A essência das aplicações do karate antigo é a conexão com o corpo do oponente (luta em curta distância) e, embora o contato entre os braços não seja a única forma de conexão, esse tipo de contato constitui a maneira mais fundamental.

Uma vez tendo visto que essa conexão entre karateka e oponente é fundamental para a luta corporal na arte, observamos também que o karateka frequentemente buscará estabelecer e manter essa conexão, isto é, vai procurar aderir ao corpo do oponente, de todas as maneiras possíveis e taticamente vantajosas. E qualquer forma de aderência entre os braços do karateka e do oponente pode caracterizar o que chamamos de kakete. Vamos agora conhecer os conceitos que descrevem os métodos de aderência típicos do karate antigo:

Métodos de aderência

  • Nigirite 握り手 (japonês) – “Mão que pega com os dedos”. Técnica de aderência que envolve agarrar partes pequenas (cabelo, traqueia, orelhas, músculos, testículos, etc.) do corpo do oponente com os dedos da mão do karateka, para apertar ou puxar.
  • Tsukamite 掴み手 (japonês) – “Mão que agarra”. Técnica de aderência onde o karateka agarra o braço/punho do oponente com a mão fechada (como quem agarra um bastão).
  • Kagite 鉤手 (japonês) ou kakete[2] 掛手, 掛け手 (japonês) – “Mão em gancho”. Técnica de aderência que envolve manter o contato com o braço do oponente colocando-o na dobra do punho do karateka (fazendo uma espécie de forma de gancho entre a mão e o antebraço do karateka).
  • Sukuite 掬い手 (japonês) – “Mão que ‘colhe’ [como com uma colher]”. Técnica de aderência que envolve manter o contato com o braço do oponente colocando-o na dobra (parte interna) do cotovelo do karateka. O método sukuite ganha um grande reforço quando é usado em combinação com o kagite.
  • Kakaete 抱え手 (japonês) – “Mão que prende debaixo do braço”. Técnica de aderência que envolve prender o braço do oponente debaixo do braço (axila) do karateka. Mais uma vez, é comum combinar esta técnica com as demais descritas anteriormente.
Chōki Motobu demonstrando kagite

Além dos métodos vistos acima, outra forma importante de aderência ocorre quando o karateka simplesmente interpõe alguma parte do seu braço contra o braço do oponente, de modo a obstruir ou redirecionar os movimentos deste. Este método não tem um nome específico, mas pode ser descrito como uma forma geral de kakete[1]. Devido à aderência comparativamente mais precária, esta técnica depende de uma grande sensibilidade tátil e capacidade de reação instantânea do karateka em relação ao movimento do oponente.

Repare que todas as articulações dos membros superiores (dedos, punhos, cotovelos e axilas) podem realizar métodos de aderência. E existem muitos outros métodos, como por exemplo com a utilização das pernas, ou ainda combinando a pressão da mão ou braço do karateka contra outras partes do próprio corpo (peito, abdômen, pernas, ombros, pescoço, etc.), mantendo o membro do oponente em uma espécie de prensa ou alicate.

Tsutomu Ōshima demonstrando kakaete, sukuite e kagite

Vale ainda observar que os conceitos acima descritos estão intimamente relacionados a um princípio fundamental do karate antigo conhecido como muchimi ムチミ (uchināguchi – possivelmente podendo ser pronunciado como mochimi em japonês, e escrito como もち身, 餅身, 糯身 ou 黐身). Mesmo em Okinawa existem várias explicações diferentes para o significado de muchimi, mas eu me considero bastante convencido de qual seria o significado real e exato dessa expressão. Falaremos mais sobre isso em um artigo futuro.

Métodos de controle

Usados em combinação com os métodos de aderência, existem também os métodos de controle, que manipulam o corpo do oponente, forçando ou impedindo movimentos deste de modo a fornecer vantagens ao karateka durante a luta corporal.

  • Hikite 引手 (japonês) – “Mão que puxa”. Provavelmente é o método mais popular entre os adeptos do karate prático, muito embora frequentemente não seja compreendido em sua totalidade. Trata-se da forma de controle onde o karateka puxa o braço do oponente e, quando possível, torce o braço deste ao mesmo tempo. É uma técnica altamente eficaz que ajuda a tirar o equilíbrio do oponente, expor o flanco do corpo e da cabeça dele para facilitar um golpe decisivo, e estender o cotovelo do oponente para permitir a execução de uma chave de articulação. Podemos dizer que é uma forma de controle que direciona o membro do oponente “para trás” (isto é, na direção do karateka).
  • Osaete 押さえ手 (japonês) – “Mão que pressiona”. Trata-se de uma forma de controle onde o karateka empurra o braço do oponente, normalmente contra o próprio corpo deste último, por vezes prendendo um ou mesmo os dois braços dele, um sobre o outro. Podemos dizer que esta forma de controle direciona o membro do oponente “para frente” (na direção oposta ao karateka).
  • Haraite 払い手 (japonês) – “Mão que varre”. Trata-se de uma forma de controle onde o karateka normalmente utiliza sua mão ou antebraço para tirar o membro do oponente da posição em que está, não direcionando para trás ou para frente, mas sim para “longe” de si (para baixo, com o famoso gedan-barai 下段払い; para cima, com o pouco conhecido jōdan-barai 上段払い; ou para o lado de dentro ou de fora).


É importante observar mais uma vez que existem outras formas de controle usadas na prática, mas que não receberam nomes específicos na literatura (pelo menos não entre as obras que eu estudei). Um exemplo de forma indispensável mas que não recebeu um nome específico consiste simplesmente em prender o braço do oponente com o uso de alguma técnica de aderência (tsukamite, kagite combinado com sukuite ou kakaete), impedindo o movimento desse braço (mesmo que apenas temporariamente). E, reforçando mais uma vez, lembro que todas as técnicas já descritas podem e devem ser usadas combinadas entre si durante a luta corporal.

Com tudo o que foi dito acima, seguem mais dois conceitos suplementares:

  • Suemono ni suru 据物にする ou suemono ni shite utsu 据物にして打つ (ambas as expressões em japonês) – “Transformar num ‘objeto imóvel'” ou “Transformar num ‘objeto imóvel’ e atacar”. É um princípio fundamental do karate antigo que significa fazer com que o oponente fique como um suemono 据物 (“corpo morto usado para testar uma espada”). Isto é, o conceito refere-se a transformar o oponente temporariamente em um “objeto imóvel” (através da aplicação de métodos de aderência e de controle). Ao utilizar as técnicas descritas mais acima, não necessariamente você vai manter o oponente totalmente imobilizado, mas poderá diminuir a capacidade de movimentação dele e controlar o membro ou membros do oponente pelo tempo necessário para evitar um ataque deste, ou para que você possa executar o seu próprio ataque sem que o oponente possa se defender.
  • Meotode 夫婦手 (japonês) / mītudī ミートゥディ (uchināguchi) – “Mãos de marido e mulher”. Há um certo nível de confusão sobre este conceito, uma vez que alguns autores defendem que ele se refere a uma técnica específica, a um kamae 構え (“posição preparatória”) específico ou a um princípio tático mais amplo que permeia as técnicas do karate como um todo. Pode ser ainda que o mesmo nome de fato tenha sido usado com mais de um sentido. Sinceramente, eu não acredito na ideia de que meotode se refere a uma técnica ou conjunto de técnicas específicas. Em relação à ideia do kamae, é fato que existia no karate antigo (e até certo ponto no karate moderno de Okinawa) uma posição específica para iniciar práticas de luta (à curta distância ou mesmo à longa distância), e parece razoável chamar essa posição de meotode-no-kamae 夫婦手の構え, como fazem alguns autores. Imagine como uma versão okinawana da guarda usada no antigo boxe sem luvas.
Guarda característica do boxe sem luvas, e Chōshin Chibana com a posição conhecida como meotode-no-kamae

Com tudo isso dito, a acepção que eu considero mais importante para o conceito de meotode é na forma do princípio tático que diz que ambas as mãos do karateka devem atuar de maneira simultânea, harmônica e complementar (como se espera de um casal — por isso, “mãos de marido e mulher”). Assim, enquanto uma mão ataca, a outra pode estar defendendo, removendo ou parando o braço do oponente para impedir a sua defesa, ou mesmo imobilizando o braço dele para evitar um contra-ataque simultâneo. Com isso, fica evidente a relação entre meotode e os métodos de aderência e controle já vistos acima (você pode usar métodos de aderência e controle com um braço enquanto realiza outra função — ataque ou defesa — com o outro braço). Naturalmente, também é possível usar meotode atacando com as duas mãos ao mesmo tempo, seja com golpes de impacto, kyūsho, chaves de articulação ou arremessos. E ainda é possível usar ambas as mãos para controlar o oponente enquanto o karateka ataca com as pernas.

Uma questão importante do princípio tático do meotode é que ele desfaz a ideia equivocada de que o karateka executa suas técnicas com uma mão enquanto mantém a outra na cintura (normalmente chamada de hikite), sem empregar esta última de modo mais ativo (alguns dizem que a mão na cintura é usada para dar força aos movimentos, o que é um absoluto equívoco técnico, tático e histórico). Essa mão equivocadamente colocada na cintura sem estar agarrando nada (quando na verdade deveria agarrar, puxar e torcer o braço do oponente — o verdadeiro hikite e uma aplicação verdadeira de meotode) chegou a ser expressamente criticada pelo mestre Chōki Motobu e chamada de shite 死手 (“mão morta”).


E agora vamos a outros conceitos que não se referem especificamente à aderência ou controle do oponente, mas são relacionados ao que já vimos acima:

Mais alguns conceitos fundamentais relacionados

  • Kakie カキエ (uchināguchi), provavelmente podendo também ser pronunciado/escrito em japonês como kakeai 掛合 (“reunião/harmonia do kake” — alguns japoneses de fato escrevem kakie assim). Conjunto de exercícios com parceiro, com braços em kakete[1], voltado ao desenvolvimento de alinhamento estrutural, aderência, sensibilidade táctil, tempo de reação e outros aspectos técnicos. Já falamos um pouco mais sobre o assunto em artigo anterior. Existem registros também que definem kakie/kakeai como a qualidade técnica do karateka para manter o contato com o corpo do oponente, reagir adequadamente a esse contato e fluir naturalmente de uma técnica a outra. Alguns autores também consideram kakete[1] e kakie como a mesma coisa, mas há vários motivos para tratá-los como conceitos diferentes, ainda que intimamente relacionados.
Samir Berardo demonstrando kakie em seminário. Observe a diferença no desvio e condução da energia durante as investidas
  • Kumite 組手 (japonês) – “Mãos ‘entrelaçadas’/ ’em confronto'”. Expressão geral para se referir às várias formas de exercício de “luta” praticadas no karate. Apesar de a expressão “kumite” estar hoje em dia fortemente associada às formas modernas de exercício de enfrentamento (como shiai kumite 試合組手, jiyū kumite 自由組手, etc.), é possível também usar a expressão para se referir a formas de confronto mais típicas do karate antigo, como veremos a seguir.
  • Kake kumite 掛け組手 (japonês) – “Kumite por kake”. Tipo de kumite praticado à curta distância, com contato contínuo entre os participantes. Praticado historicamente em Ryūkyū/Okinawa, e reconstruído e amplamente praticado dentro do Muidokan. Existem diversas referências ao kake kumite em registros históricos, indicando que era uma prática indispensável ao treinamento original do karate de Ryūkyū. Durante o kake kumite, os praticantes têm a melhor oportunidade de executar as aplicações reais dos kata do karate (inclusive os métodos de aderência e controle acima descritos).
  • Kakedameshi 掛け試し (japonês) / kakidamishi カキダミシ (uchināguchi) – “Desafio/teste por kake [kake kumite]”. A tradução é autoexplicativa. Também praticado historicamente em Ryūkyū/Okinawa. Alguns autores tratam kakedameshi e kake kumite como a mesma coisa, mas faz sentido tratar kakedameshi como uma forma particular de kake kumite, isto é, trata-se especificamente do kake kumite praticado quando um karateka busca testar suas habilidades contra outro karateka (e não, por exemplo, com o fim exclusivo de treinamento, quando o exercício poderia até mesmo ser semi-colaborativo).

Para mais detalhes especificamente sobre kake kumite e kakedameshi, recomendo a leitura do maior e melhor artigo já escrito sobre o assunto, de autoria do membro do Muidokan Bruno Chagas e que pode ser lido na própria página do Muidokan aqui, ou na publicação original no blog do autor, aqui.

Para encerrar nosso artigo, convido o leitor a conferir também o vídeo abaixo com um exemplo de treino de kake kumite, onde demonstro na prática vários dos conceitos vistos neste artigo. Caso você queira ver mais desses conceitos sendo aplicados, não deixe de conferir também a nossa página de vídeos aqui (e se inscrever no meu canal no YouTube, aqui).

Bibliografia

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